quinta-feira, março 15, 2007

A energia nuclear é incontornável!

A debilidade energética portuguesa é confrangedora. Consumimos por ano 25 milhőes de toneladas de energia primária, importando 85% dessa energia, dos quais 60% só em petróleo (cerca de 70 milhőes de barris/ano). A factura energética em Portugal aumentou 268% nos últimos 10 anos (segundo dados do INE), e cada vez que aumenta o preço do barril de petróleo a nossa balança comercial sofre um agravamento de biliões de euros.
A verdade é que o país não dispõe de uma Política Energética Nacional, nem um exercício formal de planeamento energético, o que deveria ser prioritário uma vez que no âmbito do protocolo de Quioto, somos o país europeu com a quota mais pequena per capita de emissões de CO2.
Esta questão, ao contrário do que querem fazer crer, não é um fenómeno económico, mas sim um fenómeno financeiro, uma vez que por força da subida do preço do petróleo, existe um agravamento dos preços da energia na produção e no consumo, cabendo ao consumidor, sobretudo o pequeno consumidor, suportar estes aumentos de custos, o que de resto se torna um paradoxo, porque cada vez mais as petrolíferas (edp,galp, gdp, etc.) acumulam lucros vultuosos, e o estado Português, receitas monstruosas em taxas e em impostos. Na realidade as petrolíferas ganham, o estado encaixa, e nós todos pagamos.
Basearmos a nossa balança comercial e consequente deficit em pressupostos altamente voláteis, deixam-nos ao sabor das chantagens e especulações sobre o preço do crude, e do gás natural, e ao sabor das taxas de utilização de oleodutos e gasodutos. É economicamente catastrófico, como o tem sido nos últimos anos. É a sistemática ruína anual.
O bluf que o (des)governo faz nesta matéria é imoral. Dizer que no quadro actual, em que a dependência energética externa é absoluta, a solução passa pelas energias renováveis, é embora ambientalmente fantástico, uma irresponsabilidade e uma falta de visão estratégica gravíssima.
As energias renováveis, como a eólica, possuem um custo muito mais elevado, quando comparado com a nuclear, e a produção sustentável fica muito aquém das actuais necessidades.
A construção de uma central nuclear em Portugal, reduziria em 60% a nossa dependência energética externa, ainda para mais dispondo nós de urânio pronto a ser extraído, como é o caso das recentes notícias de extracção de urânio em Nisa.
A energia proveniente desta fonte é de baixo custo, fácil de transportar, não provoca efeito estufa ou chuva ácida, e não liberta CO2 para a atmosfera (relembro o protocolo de Quioto). É a fonte mais concentrada de geração de energia, com o resíduo mais o compacto de todas as fontes energéticas. A redução da dependência em relação ao petróleo e ao gás natural é imperiosa.
Não se poderá, de facto, descurar a preocupação com o custo dos sistemas de segurança e emergência, da contenção do resíduo radioactivo e do seu armazenamento. Mas também não nos podemos esquecer, que grande parte destes resíduos são reutilizáveis, quando armazenados em condições.
O fantasma do perigo da radioactividade só demonstra o profundo desconhecimento que existe em Portugal sobre esta matéria. A tecnologia nuclear tem 50 anos, e as primeiras centrais de risco já foram há muito encerradas. Vivemos já na era das Centrais Nucleares de 3ª Geração, e neste preciso momento existem 27 centrais a serem construídas no mundo, sendo a Finlândia um desses países.
França possui cerca de 60 centrais nucleares, Espanha 7, e muitas mais por essa Europa fora, nos países mais desenvolvidos. Cerca de 70% do seu consumo energético provêm destas centrais.
Além disso, o perigo de radioactividade, já existe em Portugal, só que a maioria das pessoas desconhecem esta realidade. Espanha tem uma central em Almaraz, que dista apenas 100 km da nossa fronteira. Em Nelas (Portugal), existem 4 milhões de toneladas de resíduos depositados na Barragem Velha da Urgeiriça, resultantes de décadas de exploração das extintas minas de urânio, e chegaram a estar em exploração em todo o país desde 1912, 60 minas de urânio, que após extraído era exportado para os Estados Unidos, o que representa a existência de 7,8 milhőes de metros cúbicos de resíduos em solo nacional. Esse perigo de resíduos tóxicos já o temos em grande escala, mas aparentemente toda a gente se “esquece” de mencionar este facto.
Até Cavaco Silva, já disse: Se «há dez ou 15 anos» a sua «resposta categórica» seria «não», hoje, «face a todos os elementos que têm vindo a surgir», afirma que «é bom que se discuta a matéria», por técnicos e especialistas, para que «os agentes políticos estejam em condições de decidir no futuro».
Em Consciência Critica faço este resumo:
Só conseguiremos ficar mais fortes economicamente se enfrentarmos a realidade, se nos deixarmos de falsos fantasmas e se encararmos esta como a única opção possível para o país, até porque a matéria-prima já a temos.
Deixo apenas mais duas questões:
Sabia que Portugal tem um dos depósitos mais importantes de Urânio da Europa?
Se segundo o primeiro-ministro, em Portugal, nuclear não, porque é que mantêm em funcionamento isto?

Tenham coragem, e pelo menos nesta matéria, pensem no país que querem ter daqui a 30 anos!

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7 Criticas:

  • Bem desenvolvido. Estes gajos estão a brincar com coisas sérias. Então e o que nos custa a emissão em excesso de co2 para a atmosfera porque é que o Sócrates não fala dela?

    Por Anonymous Anónimo, a 15 março, 2007 08:38  

  • ó palhaço, lá pela merda estar feita não quer dizer que a continuemos. querias viver perto de uma é?

    Por Anonymous Anónimo, a 15 março, 2007 15:53  

  • Caro CC;

    Por vezes o que é barato sai caro...

    Sou pouco erudita sobre o nuclear, sei o que vou lendo, e pouco mais, mas onde é que se põe a central? no quintal do vizinho? no concelho do vizinho?

    E as energias limpas? não nos quer brindar com um post?

    *** I.

    Por Blogger Isabel Magalhães, a 18 março, 2007 11:16  

  • Não se trata de ser ou não erudito pelo nuclear, trata-se simplesmente de encarar a realidade face à situação económica e à dependência energética. Estratégicamente, sob o ponto de vista económico a médio e longo prazo, a independência energética é vital, caso contrário continuaremos a definhar...

    Por Blogger Consciência Critica, a 18 março, 2007 16:26  

  • A minha pergunta era muito linear. Será que o baixo custo (e a independência) justificam os riscos?

    Lembro-me que já li algo sobre as dimensões e a área necessária para uma central nuclear o que me leva a questionar ONDE?

    E insisto... as energias limpas não são uma melhor alternativa?

    Por Blogger Isabel Magalhães, a 18 março, 2007 17:37  

  • Se a Isabel tiver oportunidade de verificar as localizações das Centrais Nucleares por essa europa fora, a maioria está situada ou em zonas litorais, junto à costa, ou então junto às fronteiras com os demais paises. Aliás como o caso espanhol. O que eu critico é que uma central a 100 km de portugal, ou por exemplo em Elvas, traduz um risco exactamente igual. Se o debate em torno desta questão fosse sério, chegariam a esta conclusão. E também porque é ninguem fala do perigo da radioactividade existente no centro deste Portugal, resultante do lixo tóxico das minas de Urânio. Esse é um risco já existente, bem real e tão ou mais preocupante do que ter uma central nuclear à minha porta!

    Por Blogger Consciência Critica, a 18 março, 2007 18:12  

  • As energias ditas limpas, são incapazes de sustentar per si, a necessária indepência energética. Há paises a substituir centrais nucleares, por esses tipos de energias, mas esses paises são aqueles que tem 40 a 60 centrais, e que nos exportam energia. É que a sua base de independência, foi atingida há decadas.

    Por Blogger Consciência Critica, a 18 março, 2007 22:17  

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