sábado, fevereiro 03, 2007

Carta aberta a Manuel Pinho

Exmo. Sr. Ministro das Finanças e Administração Pública

Depois das suas declarações, fiquei com os olhos em bico, decidi por isso agir em conformidade. Vou alterar a minha condição de funcionário público, para empresário em nome individual. Ganha o sr. Ministro, e ganho eu, e o país que se f… ! Vejamos:
Ganha o senhor ministro porque:
- Fica com menos um funcionário, e livra-se de um futuro pensionista, e de um potencial grevista e reivindicador.
- Poupa no que vai que pagar a uma empresa externa para avaliar o meu desempenho profissional.
- Ganha um trabalhador mais produtivo porque a iniciativa privada é, por definição, mais produtiva que o funcionalismo público.
E ganho eu porque:
- Deixo de pagar a totalidade dos impostos a que um funcionário público está obrigado
- Passo a considerar o salário mínimo para efeitos fiscais e de segurança social
- Compro fraldas, champôs, papel higiénico, fairy, skip e uma infinidade de outros produtos à Makro que me emite uma factura, com a designação genérica de "artigos de limpeza", pelo que contam como custos para a empresa.
- Deixo de ter subsídio de almoço, mas todas as refeições passam a ser consideradas despesa da firma.
- Compro um Mercedes em leasing em nome da firma e lanço as facturas do combustível e de manutenção na contabilidade da firma.
- Promovo a senhora das limpezas lá de casa a auxiliar de limpeza da firma.
- E, se no fim ainda tiver que pagar impostos, não pago, porque três anos depois o senhor ministro adopta um perdão fiscal; e nessa ocasião vou ao banco onde tinha depositada a quantia destinada a impostos, fico com os juros e dou o resto à DGCI.
Mas ainda ganho mais:
- Em vez de pagar contribuições para a CNP, faço aplicações financeiras e obtenho benefícios fiscais se é que ainda tenho IRS para pagar.
- Se tiver filhos na universidade eles terão isenção de propinas e direito à bolsa máxima (equivalente ao salário mínimo) e se morar longe da universidade ainda podem beneficiar de um subsídio adicional para alojamento; com essas quantias compro-lhes um carro que, tal como o outro, será adquirido em nome da firma.

Como se pode ver, só teria a ganhar e, afinal, em Portugal ter prejuízo é uma bênção de Deus!
Está visto que ser ultra liberal é o que realmente vale a pena…